Entre fins do século XIX e início do século XX, toma forma uma tendência
dentro do movimento operário denominada de Sindicalismo Revolucionário. Foi esta uma
época de intensificação da luta de classes, sobretudo da luta do movimento operário pela
conquista da redução da jornada de trabalho para 8 horas e de aumento dos salários.
Esse ciclo de lutas proletárias que ao seu fim gerou transformações no próprio processo
de valorização do capital (ganhando predominância a estratégia de extração de mais-valor
relativo) teve que passar por cima das organizações reformistas que defendiam a
negociação, os acordos de gabinete, a aplicação da lei, enfim, o controle sobre os
trabalhadores, notadamente a socialdemocracia e seus métodos parlamentares, que foi
atacada por novas organizações de caráter revolucionário que resgatavam a ação direta,
a auto-organização e a necessidade de “transformação revolucionária” da sociedade
capitalista. É nesse bojo das lutas operárias que surge a tendência do Sindicalismo
Revolucionário como projeto de organização e transformação fortemente influenciado
pelas ideias anarquistas. Passado um século desse intenso movimento, o Sindicalismo
Revolucionário é resgatado como estratégia para fazer avançar a luta proletária e retirar a
classe da condição de apatia em relação aos seus interesses históricos e mesmo
imediatos. Mas os tempos são outros, e tendências que se formavam naquela época
dentro das organizações dos trabalhadores, principalmente nos sindicatos, hoje estão
consolidadas e incorporadas à ordem burguesa, demonstrando que vivemos sob um novo
ciclo da luta de classes e que, como consequência, uma nova radicalização do
proletariado deve surgir, agora atropelando as organizações que um dia surgiram do seu
interior.
In Revista Enfrentamento, Nº 16, julho/agosto de 2014, pgs 117-145
http://www.enfrentamento.net/enf16.pdf
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