terça-feira, 10 de novembro de 2015

Contra o Sindicalismo Revolucionário

Entre fins do século XIX e início do século XX, toma forma uma tendência dentro do movimento operário denominada de Sindicalismo Revolucionário. Foi esta uma época de intensificação da luta de classes, sobretudo da luta do movimento operário pela conquista da redução da jornada de trabalho para 8 horas e de aumento dos salários. Esse ciclo de lutas proletárias que ao seu fim gerou transformações no próprio processo de valorização do capital (ganhando predominância a estratégia de extração de mais-valor relativo) teve que passar por cima das organizações reformistas que defendiam a negociação, os acordos de gabinete, a aplicação da lei, enfim, o controle sobre os trabalhadores, notadamente a socialdemocracia e seus métodos parlamentares, que foi atacada por novas organizações de caráter revolucionário que resgatavam a ação direta, a auto-organização e a necessidade de “transformação revolucionária” da sociedade capitalista. É nesse bojo das lutas operárias que surge a tendência do Sindicalismo Revolucionário como projeto de organização e transformação fortemente influenciado pelas ideias anarquistas. Passado um século desse intenso movimento, o Sindicalismo Revolucionário é resgatado como estratégia para fazer avançar a luta proletária e retirar a classe da condição de apatia em relação aos seus interesses históricos e mesmo imediatos. Mas os tempos são outros, e tendências que se formavam naquela época dentro das organizações dos trabalhadores, principalmente nos sindicatos, hoje estão consolidadas e incorporadas à ordem burguesa, demonstrando que vivemos sob um novo ciclo da luta de classes e que, como consequência, uma nova radicalização do proletariado deve surgir, agora atropelando as organizações que um dia surgiram do seu interior. 

In Revista Enfrentamento, Nº 16, julho/agosto de 2014, pgs 117-145

http://www.enfrentamento.net/enf16.pdf 

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